Saga
de Santo Strapazzon
e
Filhos

DA ITÁLIA RUMO AO
BRASIL
A VIAGEM
Clara Strapazzon
(Lista de Passageiros)
O Ano era 1876.
Em toda a
Itália, especialmente na região norte, não
se falava em outra coisa, senão a
possibilidade de uma nova vida, na América.
Notícias que eram
passadas através dos jornais e repassada de boca
em boca. Em todo o território italiano,
noticiavam que o governo brasileiro
estaria oferecendo terras aos imigrantes, a
serem pagas ao longo de anos, assim como
sementes e os utensílios necessários, que
seriam ressarcidos com as futuras colheitas.
Santo Strappazzon, contava então com 44
anos, sua esposa Giustina Grando, 40, e os
filhos maiores, conversam a respeito e
decidem
abraçar essa oportunidade, sem perda de tempo.
Os filhos
todos solteiros: Giuseppe, 21
anos; Ângelo, 19, Giovanni, 17; Matteo,
10 anos; Maria, 8 anos; Ângela, 6 anos;
Domenico, 4 anos; Antonio, 1 ano, deixam para
sempre a querida terra, San Vito de Arsié -
Belluno Itália, onde nasceram e
viveram até o presente momento. A tristeza da
partida é, então, amenizada pela esperança de
uma vida melhor.
Em caravana de carroções, viajaram inicialmente
até a estação Ferroviária de Milão, onde pegaram
o trem para Le Havre (Norte da França). Ali
embarcaram em transatlântico
Vapor "San-Martin" no dia
17 de outubro de 1876. Estavam entre as
primeiras levas de imigrantes italianos, com destino ao
Brasil.
Começa a aventura a bordo, lutava-se contra a
falta de espaço. Em cada beliche improvisado e
nos compartimentos de carga dormiam cinco
pessoas, juntas e encolhidas. Os homens eram
separados das mulheres e crianças. O ar era viciado
porque não haviam escotilhas; a escuridão,
permanente, porque o perigo de incêndio impedia
velas acesas.
A comida, um pouco melhor que a cama: biscoitos,
toucinho, legumes, peixe, cereais, pão, chá,
carne salgada, massas de quando em quando e um
pouco de aguardente ou vinho, usados para fins
terapêuticos.
A Chegada - Após a difícil travessia do Atlântico
a família chegou no Brasil pelo porto do Rio de
Janeiro, no dia nove de novembro de 1876 e então, embarcaram
num navio costeiro chegando ao Porto de Rio
Grande, no Rio Grande do Sul.
Depois, o grupo seguiu de trem até Porto Alegre,
onde foi abrigado na hospedaria de imigrantes no
Cristal.
As autoridades de imigração e colonização
indicaram para a Família de Santo Strappazzon a
Colônia Dona Isabel (atual Bento Gonçalves).

A Família Strapazzon entre outras rumaram, numa
barcaça, com capacidade de transportar mais de
cem pessoas, pelo rio Caí até o Porto de
Montenegro.
Dai em diante começou a grande e penosa
caminhada: Não existiam trens, de maneira que as
bagagens, assim como as crianças pequenas, as
pessoas mais idosas e as que estavam muito
fracas eram acomodadas no lombo de mulas e em
carretas. Os demais seguiam a pé. A subida da
serra, através da floresta densa e envolta em
neblina, foi cansativa e perigosa. Levaram dias
para vencer o aclive íngreme, ladeado de
abismos, percorrendo léguas e léguas, em uma
estrada mal feita, cheia de altos e baixos,
muitas pedras e buracos, comendo onde era
possível e dormindo em tendas improvisadas à
beira do caminho.
Após vários dias de sofrimento, finalmente
chegaram na tão sonhada Dona Isabel, mais
precisamente a um local denominado Barracão,
onde abrigavam os imigrantes. Em seguida nossa
família foi destinada a construir sua casa na
Linha Palmeiro. Coube a Família Strapazzon o
Lote 71, hoje município de Bento Gonçalves -
RS. O casal Santo Strapazzon e Giustina
Grando ajudados pelos filhos maiores,
Giuseppe, Ângelo, e Giovanni,
estabeleceram-se, construíram casa rústica,
plantaram as sementes levando a vida de
pioneiros com enorme dificuldade. Aos
poucos, foram se adaptando e construído
outras casas, nos lotes já demarcados.
No dia 18.11.1877, Giuseppe, o filho mais velho,
casa-se com Ângela Maddalozzo, italiana, filha
de Mosé Maddalozzo e Catterina Secco e moradora,
no lote 79. de Bento Gonçalves. RS. Giuseppe faleceu a 07.03.1893, com
38 anos, deixando cinco filhos menores e a
viúva que posteriormente,
casa-se com Pedro Crestani,
filho de Giovanni Battista Crestani e Elisabetta
(Isabel) Bonatto. As famílias de Santo Strappazzon e Mosé
Maddalozzo vieram para o Brasil no me mesmo
navio.
Em 1888, ficou pronta a casa na Linha
Jansen, 78 - 80, para onde mudaram os casais
Giuseppe Strappazzon e Angela Maddalozzo e
Angelo Strappazzon e Maria Domenica
Maddalozzo. A casa com quatro
pisos,onde criaram seus filhos.
Passados dois anos, aos 18.05.1878, Ângelo
casa-se com Maria Domênica Maddalozzo, nascida
aos 18.10.1856 em Rocca di Arsié- Belluno,
também filha de Mosé Maddalozzo e Catterina
Secco.
Dois anos depois, aos 08.04.1880, Giovanni
casa-se com Elena Crestani, (Nos documentos
brasileiros fez questão que fosse Elena, pois não gostava do seu
verdadeiro nome: "Enela" e assim passou a
chama-se Elena), nascida aos 17.09.1858, em Fontanelle - PD – It.; filha de Pietro e Angela
Crestani e moradora do lote 6 da Linha Palmeiro. Chegou ao Brasil
em 1878. Giovanni Strapazzon permaneceu, neste
local, abriu um pequeno comércio, onde
vendia produtos coloniais, aos moradores já
estabelecidos nas redondezas. Conservam a
mesma casa transformada em cantina, onde foi
filmado algumas cenas do Filme “O
Qu4trilho”, de Fábio Barreto. Hoje
transformada, em local para turismo.
Mais tarde, aos 18.06.1884, foi a vez de Maria
Strappazzon,
nascida aos 22.06.1868, casa-se com o italiano Giacomo Stefanon, nascido aos 25.11.1859, em Arten Belluno, filho de Gio Battista Stefanon e
Giacoma Lira, Maria Strappazzon, (viúva de Giácomo Stefenon),
casou-se com Antonio Strappazzon, filho de
Prosdócimo e Felicita Trevisan. (Antonio era
viúvo de Maria Ragoso). Não tiveram filhos.
Um mês depois, Matteo Strappazzon também casa-se, aos
01.07.1884, com uma italiana de nome Marina
Bernard, nascida aos 16.08.1869 em Trichiana - Belluno, IT, residente na L. Palmeiro, 63
- Bento Gonçalves
- RS.
Ângela Strappazzon, casa-se aos 19.04.1887, com Giovanni Zanivan, filho de Tiago e Domenica Pagnuassatti.
Ambos com 17 anos.
Domenico Strappazzon, casou-se
com dezoito anos, aos
02.06.1890, com Vitória Isotton, filha de
Giuseppe e Maria Fabris,
Luisa Strapazzon, nasceu no Brasil em 1880,
casou-se aos 23.09.1908 com Fortunatto Barp,
nascido em 1880
e falecido aos 15.08.1954, em Bento Gonçalves.
Ele filho de Giovanni Barp e Luisa Fiori.
Domenica Strapazzon, nasceu em 1883, em Bento
Gonçalves - RS, casou-se aos 22.06.1904 com João Merlin,
22 anos, filho de Pedro e Lúcia Barachini
Tenho muito orgulho dos nossos antepassados,
pois não mediram esforços para começar uma
nova vida, implantar os
alicerces, sobre os quais, iniciou e continua sendo
construída a história de cada um de nós, seus
descendentes e do nosso país, pois continua correndo em nossas veias
o mesmo sangue de bravura, fé, garra, coragem e
determinação dos nossos antepassados e a seu
exemplo, nós também,
estamos dispostos a vencer qualquer desafio na
conquista dos nossos sonhos e objetivos.
Que Deus nos proteja e abençoe a todos!
IMIGRANTES
Clara Strapazzon
De uma terra, distante, Partiram nossos avós, Fugindo da fome atroz, E da miséria cruciante, Preferem ser imigrantes, E viver seu dia-a-dia, Driblando a nostalgia, A ficar no próprio chão, E ali, viver na aflição, Sem chances de melhoria.
Brancos lenços a tecer, Derradeira despedida, Daquela pátria querida, Do solo que os viu nascer. Bem antes do anoitecer, Lá estavam em alto mar, Forçando não se abalar, Seria este, um sonho lindo? Sabem que estão partindo, Não sabem se irão chegar.
Trouxeram na bagagem, Apenas recordações, Sonhos, porém, aos milhões, Da vida, a aprendizagem, Fé, ousadia, coragem, Que lhe serviram de alento, Na busca do seu sustento, Nas horas de agonia, Quando a fome batia, Sem qualquer abrandamento.
Desconhecidos heróis, Pagaram um alto preço, Pelo seu novo começo, Sem guias, nem faróis, Tendo humanos lençóis, E, o calor dos animais, Nas frias noites invernais. Seu lema era prosseguir, E, vida nova construir, Sem desanimar, jamais.
IL
VIAGGIO
Clara Strapazzon
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